“Convoco a ti, pois, diante de Deus, e
do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos na sua vinda e no
seu reino, que pregues a palavra insistentemente a tempo e fora
de tempo, argumente, advirta, com toda lentidão para a ira, coragem e doutrina.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina, mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme os seus próprios
desejos; E desviarão os ouvidos da verdade, se voltando às fábulas.
Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofra as aflições, faze a obra de um
evangelista, cumpre o teu ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por
aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati
o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” 2
Timóteo 4:1-7
Vivi há dias uma momento de crise de fé. Nunca pensei que chegaria a esse
ponto, mas cheguei. Não me refiro somente aos velhos questionamentos que
entopem a veia da fé, mas, me percebi em meio a alguns conflitos pessoais que
me jogaram contra o muro. Não, nunca duvidei de Deus, do cristianismo ou do
cuidado Dele. Cansei foi da minha completa falta de fé.
Não nos enganemos, meus amigos! Está sim cada dia mais difícil lutar pela
verdade do evangelho porque talvez, já não estejamos mais lutando o bom
combate, mas nossa verdade particular do evangelho.
Quando falo que cansei, não estou falando dos sistemas fora da igreja que a
cada dia se revelam mais longes de Deus, mas estou falando de nós mesmos, os
cristãos. Tenho me sentido triste ao visitar comunidades, tenho me desmotivado
a conversar com gente que não abre a cabeça, tenho me calado para com aqueles
que optaram por simplesmente advogar a favor dos inimigos de Cristo travestidos
de anjos. Não sei como suportar esse peso.
Vivemos um tempo em que não somos mais seres dependentes de Cristo, somos
apenas frequentadores de igrejas. Nos desligamos das verdades bíblicas, nos
desvinculamos da cruz de Cristo e voltamos os olhos para nós mesmos. Estou sem
forças para militar contra mim e contra todos os outros orgulhosos dessa terra.
A igreja é como uma viúva que gostaria de casar-se consigo mesma. Sente a dor,
mas se idolatra.
Lutamos pelo que? Lutamos pela razão própria. Lemos a bíblia procurando
vestígios para interpretar da nossa maneira, cantamos musicas que prometem uma
vida irreal, oramos olhando pra nossos umbigos, jejuamos para que todos saibam
quão dedicados somos, ajudamos o próximo com o desejo orgulhoso no coração. Me
pergunto será que ainda entendemos de fato o que o evangelho provoca em nós?
Sabemos de cor a ladainha cristã, mas não a entendemos.
Fazemos embates homem versus homem, doutrina versus doutrina, ponto de vista
versus pontos de vista, mas todo esse conflito não é para revelar a Cristo, são
apenas conflitos pela razão particular. Temos perdido mais tempo empenhados em
mostrar que Deus está do nosso lado e do que confiando, de fato, que Ele está.
Tenho sofrido no meio cristão, o estardalhaço de uma explosão de heresias.
Tenho clamado a Deus pela misericórdia sobre minha vida. Tenho pedido para que
Ele me formate e me desenhe meus pensamentos denovo, e que me faça fora dos
padrões dessa cristandade sem rumo. Como diz a frase de Glênio Paranaguá, no
livro “Vaso nas mãos do oleiro: “O espelho nunca é o centro das atenções, a menos
que nele tenha manchas”.
De outro lado, não quero me tornar um “sentador de banco profissional.” Não
quero ter que aturar pessoas cuspindo heresias no meus ouvidos. Não quero
passar batido por amigos que sofrem e simplesmente não falar desse amor que me
cura. Quero ter a coragem de Paulo para não fugir das brigas como em Atos 15.
Quero poder lutar contra a religião humanista que tem levado tanta gente que eu
amo para o buraco da escravidão. Quero anunciar aos adolescentes que são
enganados pelas doutrinas judaizantes que Cristo é muito mais que um monte de
lei a se cumprir. Quero abrir a bíblia, me inspirar em Jesus e andar com os
fracassados, os indigentes, os caídos, os imorais, os beberrões, os hereges,
ainda que para isso eu precise renegar quem sou.
Quero entender de uma vez por todas que a cruz é crise. A
morte é vida. O ultimo é o primeiro. O prejuízo é lucro. A humildade é
exaltação. Quero entender de uma vez por todas que a mensagem é árdua. A luta é
interminável, mas que ao mesmo tempo, com Cristo, o fardo é leve, a resposta é
o amor e a vitória contra mim mesmo já acabou na cruz.
Tenho orado nesse sentido. Afinal, não tenho mais condições de enfrentar
sozinho os dentes rangidos dos religiosos, a falta de amor dos ladrões de
terno, a paspalhice dos evangelistas de sucesso, as honras dos orgulhosos da
musica gospel, e principalmente os meus colegas cristãos que insistem em não
abrir os ouvidos para essa noticia maravilhosa de que hoje, ele não precisa
mais se sacrificar, mas apenas entregar seus caquinho espalhados pelo chão para
Aquele que faz tudo novo o restaure. Quero mesmo viver isso até os últimos dias
da minha vida.
Que o Senhor continue me sustentando, pois, rasgo aqui minha habilitação
para ser “evangélico”, “crente”, e inauguro em mim uma verdade: “Sou Filho de
Deus-Pai, transformado pelo sangue de Jesus, rendido a Graça, e atingido pela
sua misericórdia e amor, agora e eternamente. Amém”. Orem por mim.
Murillo Leal